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quinta-feira, 1 de março de 2012

Viver cautelosamente pode ser um perigo!

Juro que não estou (e peço que leve isso em consideração a meu favor, amigo, já que eu não gosto de falar de assuntos diretamente pessoais por aqui porque certamente vou ter de dar explicações a uma meia dúzia de pessoas genuinamente preocupadas comigo e isso é por demais maçante para eles e para mim). Quero dizer que você não precisa da minha indulgência, mas que compreendo seus motivos e sentimentos e os respeito ( e esteja certo meu caro, que isso não é fácil de fazer) e que sei bem que é complicado lidar comigo. Alegre-se com o fato (que dependendo do grau da sua mágoa para comigo, pode ate servir de uma vingança indireta. rsrsrsr) de que você só teve de lidar comigo por pouquíssimo tempo, mas eu por meu lado tive de lidar por mais de três décadas e possivelmente terei de lidar por outras três ou menos ou mais. Sei que não foi fácil para você também. Eu nunca sou fácil e estou ciente disso. Queria que as coisas tivessem sido diferentes, mas a droga do Universo teima em nunca respeitar o meu querer e não posso mudar as tolices que eu cometi ou que outros cometeram em meu nome e se esqueceram de vir depois dividir comigo o ônus. Lastimo muito o rumo que as coisas tomaram e esteja certo de que eu teria realmente me empenhado para sermos amigos de novo. Mas você se recusou e eu não sei se já comentei que tenho, dentre as muitas limitações minhas, uma certa dificuldade em arrombar portas fechadas, não importando o quanto eu deseje vê-las abertas. Por favor, não confunda o meu respeito pelas suas decisões como falta de interesse ou raiva. Sinto raiva da situação, daquilo eu não posso mudar, mas enfim, não é, e nunca será raiva de você. Sinto raiva, é da minha falta de serenidade em aceitar as coisas tais como elas são. E sinto raiva de estar com raiva disso.




Mas mesmo numa relação entre amigos, quando ocorrem problemas, há sempre a tendência de ambos se atribuírem o papel de vitima, mas sabe, eu me sinto particularmente desconfortável neste papel. Prefiro que sinta raiva de mim a sentir de você.


Do meu lado, nada tenho a perdoar porque não há ofensa alguma a ser perdoada, mas só posso falar por mim e se é seu destino ou escolha caminhar em outra direção e apartar-se de mim, não leve de mim lembranças tristes ou amarguras, porque penso que eu talvez também mereça um pouquinho mais do que isso. Mas se necessita ouvir isso de mim, mesmo eu nada tendo a perdoar, sim eu o perdôo, desde que em retribuição e resposta, perdoe-me você também por eu ser quem e o que sou e os atritos que tivemos resultantes desse meu ser. Os termos dos meus sentimentos e da minha oferta permanecem e permanecerão para sempre os mesmo. Quer ser meu amigo?



Caso queira, sabe onde estou (alguns lugares, deixarei de freqüentar para o meu bem, mas ainda estou onde sempre estive e você sabe o caminho) e se se resolver por me estender a mão, esteja pronto para que eu a agarre com a força de todo o meu afeto. Se não, siga o seu caminho sem culpas em relação a mim porque ei de te guardar na memória como uma lembrança alegre. Toda a sorte do mundo para você neste seu caminho. Que não haja nele sempre flores, porque não acho positivo que os olhos se acostumem unicamente com o belo, mas que você tenha força para suportar e vencer seus espinhos. Confio nessa força.


É a minha natureza teimosa, eu acho, e não há nada no momento que eu possa fazer em relação a ela...
Atenciosamente,
Sua amiga, para sempre (pelo meu lado, ao menos).



carta de Psicodellias